quinta-feira, 10 de março de 2011

Série - Textos longos: Leilões há muitos

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Era uma vez o Sr. Leilão com o seu porte tão licitado. A cada licitação, enterram-se mais uns milhões em juros. Não entendam qualquer tom depreciativo para com esse personagem. Não, pelo contrário. O Sr. Leilão é tão necessário para qualquer país como água para matar a nossa sede. Agora, há países que já não têm, sequer, anéis para vender. Tal é o estado de penúria! E não é preciso ir muito além mar ou além terra para se descobrir um bom exemplar. Basta, simplesmente, olhar para o nosso Gigante, claro.
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Os sinais inflamados estão aí. Noutros tempos, eram de fogo. Agora, aparecem em qualquer noticiário perto de si, através de sons e de imagens. O que serviu durante alguns anos para disfarçar a trajectória económica e financeira de Portugal rumo ao abismo, abyssus abyssum invocat, já se encontra fora de prazo. Tilt. A mentira e a omissão em discursos arrogantes, ad nauseum, já não colam com a realidade dos factos. Esse jogo labiríntico acabou. Game over. O Pacman foi apanhado num beco sem saída. Para continuar, pisca em letras grandes no ecrã: insert coin. E terão de ser milhares de milhões de moedinhas de euros, sobretudo alemães, para continuarmos em jogo. Coitado do Pacman, está tramado nas mãos do Gigante.
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Por enquanto, o Sr. Leilão ainda pode ajudar o Gigante, mas a situação é cada vez mais insustentável. Essa palavra, agora, está na moda. Tarde e a más horas, refira-se. Todavia, mais vale tarde do que nunca! Afinal, alguns profetas da desgraça tinham razão... Será que eram mesmo profetas da “desgraça”?! Na altura, muitos adjectivavam-nos deste modo, sem papas nas bocas tão cheias de erudição. Porém, a mentira tem perna curta. Os números eram bem evidentes e o plano já estava assaz inclinado. Mas, obviamente, outros viam-no perfeitamente achatado, ou seja, como visões Monty Python sobre a realidade. Até conseguiram apagar o plano inclinado do ar, imaginem! Como se o povo fosse parvo! Parvos que somos, mas nem tanto!
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Pronto, já foi emitida a factura do bacanal orçamental e vamos ter de pagá-la, doa a quem doer. Não vale a pena culpar Baco/Dionísio pelas loucas festanças lusitanas porque esse não era assim tão louco. A nossa embriaguez é outra… O cheiro pestilento do Gigante é completamente diferente, para pior (claro), do cheiro agradável de um bom vinho. A tentação foi grande, a desgraça será muito maior. Ainda há gente que fala em TGV’s e outras coisas tais?! Bem, pelo menos, com Baco/Dionísio as coisas eram bem mais divertidas e interessantes, não acham? Triste fado, o nosso.
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