Vivemos tempos muito difíceis e, igualmente, complexos. Para (quase) todos. Como outras gerações anteriores já carregaram as respectivas cruzes... É nesse contexto que surgem os desafios e as necessárias acções fundamentais para corresponder, da melhor forma possível. O infinitivo do verbo “corresponder” é colocado no sentido de incluir a responsabilização de respostas a toda a sociedade.
Esta problemática começa, desde logo, no seio familiar. Sabendo que as contingências da vida moderna são o que são (os pais, muitas vezes, mais ausentes por razões profissionais; o aumento de sentimentos e comportamentos individualistas, em muitos casos, devido à dependência face à evolução tecnológica; e, para destacar só mais um aspecto, o culto do facilitismo e do mediatismo na prossecução de etapas que requerem outros tempos), o padrão social das famílias parece ter ficado para trás. Ter perdido o comboio… E, para agravar ainda mais a questão, muitos pais desresponsabilizam-se, pura e simplesmente, ou sacodem a água do capote com leviana ligeireza. Assim, o papel nuclear das famílias no processo educativo parece desfasado das exigências de um mundo global aliciante, mas igualmente perigoso.
Exigências relacionadas com a velocidade de circulação da informação e, consequente, tempo necessário para a sua digestão, ficando os jovens entregues à sua sorte. E sabemos que muita dessa informação acrescenta pouco, ou nenhum valor, ao crescimento intelectual e de percepção da realidade. Realidade que lhes é apresentada de forma, frequentemente, demasiado ficcional e, mesmo, com elevada carga de violência.
A escola, por sua vez, em muito devido a um enquadramento político demasiado rígido, tornou-se num centro burocrático, por excelência, de um Estado cada vez mais burocrático. O que parece e é um paradoxo, tendo em conta a flexibilidade e comodidade das novas tecnologias de informação no processo de agilização de procedimentos. Este paradoxo cria, inexoravelmente, sentimentos confusos nos diversos actores, a começar pelos professores. E na sua actividade professoral que vai muito mais além da mera exposição de conteúdos. Em relação a estes e à rigidez burocrática, relevam-se aspectos associados ao tempo necessário de preparação das aulas que, em muitos casos, é ocupado pelo preenchimento de mil e um papéis não directamente relacionados com essa preparação. Esta situação origina um aumento da pressão na gestão do tempo disponível para as actividades pedagógicas verdadeiramente relevantes.
Em termos mais abrangentes, ou seja, alargando o raio de análise para a sociedade, assiste-se a uma crise de valores que afecta negativamente o desenvolvimento educacional. Em muitos casos, existe um facilitismo exagerado na obtenção das coisas (sobretudo, de “elevado peso” material), que não premeia a capacidade de sacrifício e de empenhamento. No fundo, a responsabilidade e o mérito. Neste sentido, é, por muitos, referido como melhor exemplo: alguns concursos televisivos, com o Big Brother nos lugares cimeiros. No caso escolar, por exemplo, tem havido uma delapidação dos poderes dos professores que leva a que os alunos não sintam tanta necessidade de se esforçarem para atingir as suas metas. Situação que se reflecte no processo de avaliação em que é muito difícil e burocrático reprovar um aluno. Deste modo, parte do papel que compete ao professor é-lhe, simplesmente, sonegado.
Em conclusão, haverá muitos outros factores importantes, no entanto, parece-me que os que foram referidos têm a sua “quota-parte” de responsabilidade. O prazer de ensinar e de contribuir para o crescimento/desenvolvimento educativo de jovens, e não só, encontra-se miseravelmente condicionado. Sendo a educação um dos pilares do desenvolvimento humano, com tantas e tantas páginas, mais ou menos virtuais, dedicadas ao assunto, todo o contexto educativo actual parece estar, em grande parte, descontextualizado, espelhando uma sociedade à deriva.
Esta problemática começa, desde logo, no seio familiar. Sabendo que as contingências da vida moderna são o que são (os pais, muitas vezes, mais ausentes por razões profissionais; o aumento de sentimentos e comportamentos individualistas, em muitos casos, devido à dependência face à evolução tecnológica; e, para destacar só mais um aspecto, o culto do facilitismo e do mediatismo na prossecução de etapas que requerem outros tempos), o padrão social das famílias parece ter ficado para trás. Ter perdido o comboio… E, para agravar ainda mais a questão, muitos pais desresponsabilizam-se, pura e simplesmente, ou sacodem a água do capote com leviana ligeireza. Assim, o papel nuclear das famílias no processo educativo parece desfasado das exigências de um mundo global aliciante, mas igualmente perigoso.
Exigências relacionadas com a velocidade de circulação da informação e, consequente, tempo necessário para a sua digestão, ficando os jovens entregues à sua sorte. E sabemos que muita dessa informação acrescenta pouco, ou nenhum valor, ao crescimento intelectual e de percepção da realidade. Realidade que lhes é apresentada de forma, frequentemente, demasiado ficcional e, mesmo, com elevada carga de violência.
A escola, por sua vez, em muito devido a um enquadramento político demasiado rígido, tornou-se num centro burocrático, por excelência, de um Estado cada vez mais burocrático. O que parece e é um paradoxo, tendo em conta a flexibilidade e comodidade das novas tecnologias de informação no processo de agilização de procedimentos. Este paradoxo cria, inexoravelmente, sentimentos confusos nos diversos actores, a começar pelos professores. E na sua actividade professoral que vai muito mais além da mera exposição de conteúdos. Em relação a estes e à rigidez burocrática, relevam-se aspectos associados ao tempo necessário de preparação das aulas que, em muitos casos, é ocupado pelo preenchimento de mil e um papéis não directamente relacionados com essa preparação. Esta situação origina um aumento da pressão na gestão do tempo disponível para as actividades pedagógicas verdadeiramente relevantes.
Em termos mais abrangentes, ou seja, alargando o raio de análise para a sociedade, assiste-se a uma crise de valores que afecta negativamente o desenvolvimento educacional. Em muitos casos, existe um facilitismo exagerado na obtenção das coisas (sobretudo, de “elevado peso” material), que não premeia a capacidade de sacrifício e de empenhamento. No fundo, a responsabilidade e o mérito. Neste sentido, é, por muitos, referido como melhor exemplo: alguns concursos televisivos, com o Big Brother nos lugares cimeiros. No caso escolar, por exemplo, tem havido uma delapidação dos poderes dos professores que leva a que os alunos não sintam tanta necessidade de se esforçarem para atingir as suas metas. Situação que se reflecte no processo de avaliação em que é muito difícil e burocrático reprovar um aluno. Deste modo, parte do papel que compete ao professor é-lhe, simplesmente, sonegado.
Em conclusão, haverá muitos outros factores importantes, no entanto, parece-me que os que foram referidos têm a sua “quota-parte” de responsabilidade. O prazer de ensinar e de contribuir para o crescimento/desenvolvimento educativo de jovens, e não só, encontra-se miseravelmente condicionado. Sendo a educação um dos pilares do desenvolvimento humano, com tantas e tantas páginas, mais ou menos virtuais, dedicadas ao assunto, todo o contexto educativo actual parece estar, em grande parte, descontextualizado, espelhando uma sociedade à deriva.
Eu daria mais que uma garfada nessas migas. Migas ou açorda!
ResponderEliminarMas digo apenas que gostei muito deste seu texto.
Por se falar em sociedade, em comportamento, recordo-me deste pensamento de Johann Goethe: “O comportamento é um espelho em que cada um revela a sua imagem.”
Catarina, agradeço as suas palavras e ainda bem que gostou deste prato de migas de espargos. Sirva-se quando quiser! Quanto à citação de Goethe, vem mesmo a propósito, sem dúvida.
ResponderEliminarGonçalo, só o quero avisar que, a partir de hoje, também eu passarei a dar umas garfadas nas suas migas. O que "delito" que cometeu, lá no DdeO, aguçou-me o apetite.
ResponderEliminarRogério, seja bem-vindo! Instale-se à sua vontade e dê umas garfadas sempre que lhe apetecer.
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