segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Série - Textos longos: Tão natural como a nossa desgraça

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Era uma vez o Sr. Gasóleo e a Sra. Gasolina, um casal muito importante. Tão importante que sem eles (quase) tudo pára. É ver motos, carros e camiões parados. É ver aviões em terra. É ver barcos atracados. É ver fábricas sem fumo nas chaminés. De ver tanta coisa sem funcionar ficamos stressados, porque vivemos no meio desta confusão toda. É claro que o Gigante não quer isso, igualmente. Pois, à conta desse casal, ele alimenta boa parte da sua gula.
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O Sr. Gasóleo e a Sra. Gasolina vivem, recentemente, perante um problema de crescimento sustentável. Uma doença que atinge muitas coisas mas que, infelizmente, não afecta a generalidade dos salários. Por que será? Voltando aos referidos personagens, são caros e serão cada vez mais caros devido, por um lado, à ganância daqueles que os comercializam e, por outro, à inépcia daqueles que deviam supervisionar essa comercialização. A plutocracia petrolífera e a plutocracia estatal de mãos dadas, contentes e felizes. Que casamento tão asqueroso! São milhões a jorrarem para os respectivos cofres. No meio disto tudo, o Gigante esfrega as mãos antes de encher o buracão, sem fundo, com mais uns milhões…
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Brevemente, o Sr. Gasóleo será maior do que a Sra. Gasolina. Acabar-se-ão os complexos de inferioridade para ele. No entanto, uma coisa é certa: os seus familiares espanhóis serão mais procurados pelos cidadãos deste rectângulo à beira-mar encarquilhado. E não só por gente da raia. É vê-los, aos milhares, a fazerem filas nos postos de abastecimento e nos supermercados espanhóis, principalmente ao fim de semana. Eles dormem a siesta mas não são parvos! Nós é que andamos acordados como mortos vivos! Depois, para dormir, encharcamo-nos de sedativos. Pudera! São milhões e milhões de euros que ficam nos bolsos dos “nuestros hermanos”: em lucros e em impostos. ¡Viva la España!
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Uma desgraça nunca vem só! Lá diz a sabedoria popular… Então, não é que os árabes também querem viver em democracia!? Há democracias nada recomendáveis como a nossa, mas enfim… Eles que não nos imitem! Não fica bem desejar mal aos outros. Com tudo isto, o fidalgo britânico Brent ficou em bicos dos pés. Claro que a plutocracia petrolífera apoia tal atitude very british. E o Gigante também, claro. Portanto, é natural o agravamento da doença de crescimento do Sr. Gasóleo e da Sra. Gasolina. Tão natural como a nossa desgraça.
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