segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Série - Não filtrado: Parvos que somos

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De uma troca de opiniões com um dos meus irmãos, no Facebook, falámos sobre as nossas diferenças relativamente aos espanhóis, sobretudo ao nível da falta de garra. E escrevi:
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Ok, Miguel. Não deixas de ter razão, falta-nos garra. Mais, há outras diferenças culturais relativamente aos “nuestros hermanos” que se reflectem nas culturas organizacionais, quer nas empresas do sector público, quer nas empresas do sector privado. Passo a explicar. Somos mais individualistas, não temos tanta noção de colectivo e da força que isso pode induzir. Na linguagem de “gestão” isso resume-se a uma palavra: sinergias.
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Dois exemplos. Primeiro, no sector bancário, aquele que conheço melhor. Quando trabalhei na DECO tomei conhecimento com a realidade bancária nacional, em geral, e, simultaneamente, da troca de informações com colegas espanhóis facilmente notava-se uma realidade muito diferente da nossa, isto é, com uma rede de caixas mutualistas (“cajas de ahorro”) bastante forte. Não vale a pena escrever sobre a realidade do centro e do norte da Europa… Essa rede evidencia um maior espírito comunitário.
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Segundo, na agricultura, esse espírito comunitário reflecte-se na associação empresarial (ou cooperativas) que os espanhóis souberam, e bem, desenvolver nas últimas décadas, permitindo-lhes ganhar dimensão, economias de escala e força económica (junto do circuito comercial, por exemplo).
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Da minha experiência e conhecimentos económicos, esse é um pequeno grande pormenor. Nós aceitamos, impávidos e serenos, que o Estado (por exemplo: através do IEFP) seja o principal empregador de recibos “verdes”. Ou seja, o Estado, que somos todos nós, confunda profissionais independentes (como eu gostava de ser, no seu verdadeiro sentido) com mão-de-obra barata e sem direitos (como acabo por me sentir, eu e os demais). Se o Estado dá este exemplo, facilmente outros imitam-no. Para quem quer entrar no mercado de trabalho, não só no sector privado, ou quer continuar a trabalhar como profissional independente, é muito difícil mudar esta cultura portuguesa demasiado individualista e de “brandos costumes” (deixar andar). E, assim, vamo-nos desenrascando até que…
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Voilà!
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(esta conversa teve origem na música do momento: Parva que sou, Deolinda, ver aqui)
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