sábado, 8 de outubro de 2011

Série - Dúvida existencial: Os bancos estão tesos

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Nas minhas andanças profissionais de outros tempos, participei em vários estudos europeus sobre produtos e serviços bancários e, deste modo, tomei contacto com a realidade de outros países. Na altura, entre outros, o banco franco-belga Dexia destacava-se nos lugares cimeiros em diversos aspectos comparativos analisados. Passados meia dúzia de anos, a realidade mudou. Durante esta semana, quando soube do colapso do Dexia, fiquei um pouco admirado. E fiquei curioso, igualmente, para tentar saber as respectivas razões. Sinceramente, desconfiei de algumas eventuais/potenciais causas…


Neste momento, já não tenho dúvidas: este banco tem uma exposição elevadíssima à dívida pública grega e a activos bancários e financeiros helénicos (são milhões e milhões de euros). O valor de cada acção do Dexia passou de cerca de € 2,50, em Janeiro de 2011, para pouco mais de € 0,80, em Outubro de 2011. Ou seja, cada acção perdeu cerca de 2/3 do seu valor. Mais, nos últimos testes de stress realizados a 100 bancos europeus, aproximadamente, o Dexia ficou nos lugares cimeiros. Dá vontade de escrever: claro. Embora não conheça a fundo os parâmetros analisados, sempre tive a sensação de que havia aqui muito show-off, isto é, aldrabice. Nada de muito diferente daquilo que os grandes responsáveis políticos e financeiros, portugueses e europeus, têm feito nos últimos anos: basta atentar para a anterior (des)governação socrática e do Banco de Portugal, por exemplo. Enfim…


Observando a realidade bancária nacional, a coisa não é muito mais famosa, isto é, encontra-se em pré-colapso. Catastrofista, eu?! Vejamos dois exemplos:

- BCP (ou Millenium bcp) com acções cotadas em € 0,17 (desvalorização anual de 70%, repito: setenta por cento);


- Banco BPI com acções cotadas em € 0,65 (desvalorização anual de 53%, repito: cinquenta e três por cento).

Durante esta semana, um dos analistas do FMI alertou para a possibilidade da banca europeia ruir nas próximas 2/3 semanas. De certeza absoluta, este analista terá razões para fundamentar esta opinião.


Neste fim-de-semana, li no Expresso que os grandes banqueiros portugueses pretendem criar um banco para resolver o problema de liquidez bancária, dizem eles. Para mim, querem empurrar o problema com a barriga, mais uma vez, e para cima do Zé povinho, claro. São incapazes de reconhecer erros e incompetência na gestão das suas organizações. É gente arrogante e plutocrática, da mais pura linhagem.

Moral da história: os bancos estão tesos.


Nota final:
No passado, já fui empregado bancário e, em poucos anos, fiquei desiludido com esse emprego. Em poucas palavras: trabalhava para gente plutocrática (não se olhava a meios para atingir os fins: era e é tremenda a cegueira por números expressos em €). Saí e nunca me arrependi.

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