quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Série - Histórias longas: Branco e virginal



Sobre um país com monte branco e afins…

Era uma vez um monte branco onde só vivia gente de colarinho branco. Pois é, todas as camisas tinham esse pormenor. Mas, a brancura não ficava por aqui… Nesse monte, havia muitas máquinas de lavar que contribuíam para tal brancura. Por mais bizarro que pareça essas máquinas existiam, única e exclusivamente, nas instituições bancárias. Isso mesmo, nos bancos! Nos bancos de gente de colarinho branco, obviamente. Banco e branco conviviam (e sobreviviam) graças às ditas máquinas. Ou seja, o dinheiro entrava nas máquinas com diversos tipos de sujidade, nomeadamente o que se designava por: fuligem “branca”. Atenção: esta fuligem era tão imaculada que não afectava o efeito estufa. A fuligem “branca” tinha origem diversa: ervas “aromáticas”; pó de snifar; pó de armas… Portanto, até a sujidade era “branca”. Branco mais branco não havia! Havia, havia, sobretudo em paraísos de areia branca. Como vivíamos num mundo “hollywoodiano” esses paraísos tinham um nome a condizer: offshores. Coisa fina, o nome e a referida areia, claro. Para gente de colarinho branco, de facto. E de fato e gravata fazendo “pandan”. Em suma, nesse monte “branco” (e noutros do género: as imitações não tinham limites), tudo era virginal.

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