domingo, 15 de julho de 2012

Série - Filmes: A árvore da vida




É preciso ter estômago para aguentar este filme (“The tree of life”, título original) pois trata-se de um filme muito duro e, mais ainda, estranho… Obra cinematográfica de 2011 que só tive oportunidade de vê-la durante o presente fim-de-semana. Aliás, ao ver este filme de Terrence Malick, recordei-me de idênticas sensações quando, há mais de 10 anos, vi “A barreira invisível” (“The thin red line”) do mesmo realizador, uma história de guerra sobre o conflito de Guadalcanal. Na altura, desloquei-me de Évora a Lisboa para ver essa película no cinema S. Jorge, motivado por uma crítica interessante que tinha lido num jornal.

“A árvore da vida” é um filme estranho porque tem poucas palavras (diálogos) e algumas partes narradas, passando-se longos minutos sem umas nem outras, necessariamente. Em contrapartida, Malick explora a força das imagens com muitos planos corridos ou de perspectiva (normalmente, de baixo para cima). A excelência da fotografia.

Além disso, a dureza da película relaciona-se: por um lado, com o ultra-conservadorismo religioso tão característico do interior norte-americano (neste caso, texano), na década de 1950; e, por outro, com o sentimento de perda e respectivas questões existenciais que isso gera no seio familiar. A rigidez religiosa é personificada de forma exacerbada em Mr. O’Brien (Brad Pitt), pai de três filhos a quem impele uma educação ultra-autoritária. Essa educação tem um contra-peso submisso e silencioso na figura da mãe, Mrs. O’Brien (Jessica Chastain), excepto na ausência do patriarca. Nesses momentos de ausência desenrolam-se ambientes de pura fuga e alegria, aproveitados como catarses emocionais. Nas interpretações, destaco as expressões de Hunter McCracken (o filho Jack) ao longo de várias cenas, sobretudo com os seus olhares desconfiados e perturbados. Por sua vez, Sean Penn tem uma presença fugaz, silenciosa e em constante fuga (ou procura).

Em conclusão, admito que não é um filme fácil de aguentar e de interpretar/aceitar. Mais, é uma película nada convencional (ou comercial) repleta de múltiplas técnicas originais (ou experimentais). Para mim, isso torna-a muito marcante. É um tipo de cinema de que gosto particularmente. A minha avaliação (de 0 a 10): 9.

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