Sobre um país com monte
branco e afins…
Era uma vez um monte
branco onde só vivia gente de colarinho branco. Pois é, todas as camisas tinham
esse pormenor. Mas, a brancura não ficava por aqui… Nesse monte, havia muitas
máquinas de lavar que contribuíam para tal brancura. Por mais bizarro que
pareça essas máquinas existiam, única e exclusivamente, nas instituições
bancárias. Isso mesmo, nos bancos! Nos bancos de gente de colarinho branco,
obviamente. Banco e branco conviviam (e sobreviviam) graças às ditas máquinas.
Ou seja, o dinheiro entrava nas máquinas com diversos tipos de sujidade,
nomeadamente o que se designava por: fuligem “branca”. Atenção: esta fuligem
era tão imaculada que não afectava o efeito estufa. A fuligem “branca” tinha
origem diversa: ervas “aromáticas”; pó de snifar; pó de armas… Portanto, até a
sujidade era “branca”. Branco mais branco não havia! Havia, havia, sobretudo em
paraísos de areia branca. Como vivíamos num mundo “hollywoodiano” esses
paraísos tinham um nome a condizer: offshores. Coisa fina, o nome e a referida
areia, claro. Para gente de colarinho branco, de facto. E de fato e gravata
fazendo “pandan”. Em suma, nesse monte “branco” (e noutros do género: as
imitações não tinham limites), tudo era virginal.
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