sábado, 30 de abril de 2011

Série - Textos longos: Esqueletos a saírem dos armários

Era uma vez a Sra. Contabilidade Criativa vivendo num mundo da pura fantasia. Nem Lewis Carroll conseguiria ombrear com tal estado fantasioso… De qualquer maneira, não se brinca assim com os números! Nem com a vida dos portugueses, pelo menos, dos “não socráticos”. O que dirão os senhores do FMI? Reparem, por muito que alguns pensem o seu contrário, eles estão cá para ajudarem-nos. E para darem-nos bons exemplos de trabalho, abnegado e incansável, nestes longos dias do fim de semana pascal… O Gigante, por sua vez, não os pode ver, nem ao longe! Pudera…

Nos últimos anos, vivemos enredados por propaganda feita de números manhosos, sob diversos pontos de vista. Primeiro, são números tramados porque reflectem as políticas farfalhadas que, mais cedo do que tarde, tínhamos de saber (embora alguns prefiram a fantasia de programas eleitorais cor de rosa). A porcaria debaixo do tapete é tanta que não cabe lá mais um pedaço de cotão, por mais ínfimo que seja. Depois, são números “azeiteiros”, ou seja, são como o azeite: a verdade vem sempre ao de cima… Uma verdade que andou maquilhada por carradas de tralha tecnológica. Foram tantos os choques que, agora, quem levará um grande choque é o Zé Povinho. Por fim, estes números traduzem as medidas físicas do Gigante, qual besta que parasita grande parte do povo português! Quem com ferro fere, com ferro será ferido…

A “troika”, termo de origem russa, encontra-se a trabalhar como mais ninguém neste rectângulo soube e sabe fazer. Se alguns pensavam que esses senhores vinham desfrutar de uns dias de férias, enganaram-se redondamente! No período pascal, se dúvidas ainda pudessem haver, dissiparam-se… Eles têm percorrido o terreno pantanoso das contas portuguesas para, assim, enfrentarem o Gigante. Nós, de forma cobarde, não tivemos coragem para fazê-lo sozinhos. Antes pelo contrário, fomos alimentando a gula dessa besta com milhares de milhões de euros emprestados para: PPP’s, auto-estradas para todo o lado, TGV’s e outras coisas ditas “modernas”. Aceitámos com miserável passividade a plutocracia reinante, cúmplice da gula do Gigante. Muitos ficaram, e continuam, deslumbrados com o espectáculo triste e só cretino. Agora, vamos ter de pagar a factura com os inevitáveis juros. C’est la vie!

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