domingo, 24 de junho de 2012

Série - Partilhado: Shame



Nos últimos dias, aproveitei para ver filmes que não tive a oportunidade de ver aquando da sua passagem numa sala de cinema perto de mim. E começo com uma “parada” forte: “Vergonha” (“Shame”), de Steve McQueen. Neste filme, o cineasta inglês aborda um conjunto de temas contemporâneos, sobretudo na perspectiva das relações sexuais, tendo como pano de fundo a cidade que nunca dorme: Nova Iorque. Pois é, as cenas de sexo e a satisfação sexual pessoal e virtual estão presentes constantemente, incluindo as relações homossexuais e a prostituição. O individualismo moderno, marcadamente urbano, é outro dos elementos que se destaca no carácter dos diversos personagens, sobretudo em Brandon (papel bem interpretado por Michael Fassbender). O enredo acompanha a decadência relacional deste personagem, e não só, com outros seres que se cruzam com ele, de forma mais ou menos furtuita. Os ambientes nocturnos são os momentos ideais para esses “rendez-vous”. A masculinidade de Brandon está constantemente à prova nesses encontros que se acumulam, uns atrás dos outros. Ou, até mesmo, nos momentos de satisfação sexual individual (cenas de masturbação) e virtual (pornografia na Internet). Todavia, essa masculinidade/virilidade tem duas cenas marcantes: uma, quando começa a haver um certo envolvimento emocional com uma colega de trabalho (relação não concretizada sexualmente, quiçá, devido a fantasmas afectivos que o perseguem); outra, quando Brandon descarrega as suas frustrações numa relação homossexual supostamente fugaz… Isso é tão evidente nessa última cena, tanto que a sua virilidade é testada, de forma enérgica, numa relação clássica de “ménage à trois”, logo após tal momento de fraqueza. Para o final do filme o realizador reserva alguns momentos surpreendentes, conseguindo incutir uma progressão não linear ao enredo. O ambiente sonoro da película é discreto e elegante. A minha avaliação final (de 0 a 10): 7,5.

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