Nos últimos dias,
aproveitei para ver filmes que não tive a oportunidade de ver aquando da sua
passagem numa sala de cinema perto de mim. E começo com uma “parada” forte:
“Vergonha” (“Shame”), de Steve McQueen. Neste filme, o cineasta inglês aborda
um conjunto de temas contemporâneos, sobretudo na perspectiva das relações
sexuais, tendo como pano de fundo a cidade que nunca dorme: Nova Iorque. Pois
é, as cenas de sexo e a satisfação sexual pessoal e virtual estão presentes
constantemente, incluindo as relações homossexuais e a prostituição. O
individualismo moderno, marcadamente urbano, é outro dos elementos que se
destaca no carácter dos diversos personagens, sobretudo em Brandon (papel bem
interpretado por Michael Fassbender). O enredo acompanha a decadência
relacional deste personagem, e não só, com outros seres que se cruzam com ele,
de forma mais ou menos furtuita. Os ambientes nocturnos são os momentos ideais
para esses “rendez-vous”. A masculinidade de Brandon está constantemente à
prova nesses encontros que se acumulam, uns atrás dos outros. Ou, até mesmo,
nos momentos de satisfação sexual individual (cenas de masturbação) e virtual
(pornografia na Internet). Todavia, essa masculinidade/virilidade tem duas cenas
marcantes: uma, quando começa a haver um certo envolvimento emocional com uma
colega de trabalho (relação não concretizada sexualmente, quiçá, devido a fantasmas
afectivos que o perseguem); outra, quando Brandon descarrega as suas
frustrações numa relação homossexual supostamente fugaz… Isso é tão evidente
nessa última cena, tanto que a sua virilidade é testada, de forma enérgica, numa
relação clássica de “ménage à trois”, logo após tal momento de fraqueza. Para o
final do filme o realizador reserva alguns momentos surpreendentes, conseguindo
incutir uma progressão não linear ao enredo. O ambiente sonoro da película é
discreto e elegante. A minha avaliação final (de 0 a 10): 7,5.
domingo, 24 de junho de 2012
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