Há filmes que conseguem transportar e, mais importante,
prender o espectador ao interior de intensas (e caóticas) relações humanas. As
mensagens implícitas em cada cena, em cada personagem, são muito mais profundas
do que à primeira vista possam parecer. O realizador brasileiro Fernando
Meirelles consegue fazer isso de forma simples e despretensiosa neste filme, de
2011 (e só agora visto), rodado em várias paragens do planeta: Viena,
Bratislava, Paris, Londres, Denver, entre outras cidades. Essa presença multicultural,
em contexto citadino, põe a nu os inevitáveis choques sociais subjacentes.
A crise da globalização actual é apresentada e criticada
nas tensões relacionais entre os diversos personagens, nomeadamente: a exploração
sexual (uma forma de escravatura moderna); o poder do dinheiro (que compra quase
tudo); os movimentos migratórios (potenciadores de crises existenciais); o
conservadorismo religioso islâmico (em constante conflitualidade interna e
externa); a comunicação electrónica (que expõe graves fragilidades humanas). Ou
seja, vidas que se cruzam numa só, tendo como denominador comum momentos
confessionais, mais ou menos, explícitos. Nem Anthony Hopkins, apresentado como
“older man”, escapa…
O epílogo concentra a explosão, e consequente oportunidade, libertadora há muito
desejada. Todavia, na última cena tudo parece recomeçar… A minha avaliação (de
0 a 10): 8.
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